Vida de Educadora contratada...

Há (quase) 9 anos atrás tomei a melhor decisão da minha vida profissional! Troquei o certo pelo incerto... Troquei a rotina pelo desafio!

Não fiquei colocada em agosto mas numa manhã de setembro, passei pelo meu local de trabalho (onde estava efectiva havia 11 anos) e avisei que me ia embora, que depois enviava uma carta a despedir-me. Assim foi! Paguei a indemnização devida e lá fui eu, livre para iniciar um novo percurso.

A vida de contratada é cheia de incertezas, mas dá-nos a possibilidade de mudar quando não nos sentimos bem num local, de perspectivar a nossa vida e as nossas escolhas todos os anos.

Tenho aprendido tanto com os contextos, com os colegas de trabalho, com as famílias, com as crianças, com os interesses formativos que me foram interpelando e com o tempo...

Durante os últimos nove anos, conheci pessoas extraordinárias, profissionais de excelência e outros tão medíocres que nem sei como descrever. Estes últimos, não merecem sequer os lugares que ocupam ou os vencimentos que recebem, pelo mau serviço que prestam! No entanto, lá estão eles, alguns a meter 54 dias de baixa de cada vez, (para não terem que ir a juntas médicas) ou a apresentar-se ao serviço durante as interrupções letivas e até quando não estão bem psicologicamente... 

Na maioria das vezes, os colegas até sabem que "aqueles" não estão bem, mas nada fazem. Talvez se preocupassem mais se nessas turmas estivessem os seus filhos.

Na minham modesta opinião, os vínculos laborais não deviam durar para sempre no mesmo local, pois sem mudanças não há evolução, não existe a possibilidade de ter outras perspectivas. 

Há "escolas" que vão "morrendo lentamente" porque um mau professor/educador ficou lá colocado para sempre. Aquele, que não faz, nem deixa fazer e que vê problemas em tudo. Há departamentos inteiros que estão podres e nem se apercebem disso...

Se há pessoas que conseguem  promover mudanças só por si, há outras que se acostumam à inércia. Estas, deviam circular, para melhorar a sua capacidade de adaptação. Os efectivos, podem circular dentro dos Agrupamentos aos quais pertencem, sem perder quaisquer regalias. 

Por outro lado, os contratados não deviam estar "fora da carreira" e deveriam ser remunerados de acordo com o seu tempo de serviço! Quantas vezes "remedeamos" trabalho de colegas só para que a "escola" não fique mal vista? 

De vez em quando tenho vergonha de pertencer à mesma classe 🤦. Então nesses momentos, lembro-me dos bons profissionais que tenho encontrado (felizmente são mais do que os maus). Não, não somos todos iguais! Também há escolas maravilhosas e departamentos que têm profissionais de excelência, que trabalham, investigam, aprendem, partilham e evoluem. 

Às vezes, os bons também ficam doentes, infelizmente acontece. Mas esses, são aqueles que retornam ao serviço quando se sentem capazes, que se preocupam com o trabalho que foi feito com as turmas, que se preocupam em não prejudicar os colegas contratados no seu tempo de serviço e remuneração (há quem não tenha sequer direito ao subsídio de desemprego).

Acredito que o dinheiro não é o mais importante, ou teria ficado onde estava em 2010 😂... Mas ajuda!

Os "contratados", não são os "coitadinhos" que mendigam dias de serviço. São profissionais, muitas vezes com formação superior à de quem substituem. São aqueles que ficam felizes quando são colocados e vão trabalhar com vontade, todos os dias (mesmo que muitos tenham que deixar as suas famílias longe), porque gostam do que fazem!

As vezes, os contratados têm uma melhor percepção do que é melhor para as suas famílias e preferem continuar a contrato em vez de vincularem em QZP's gigantescos, que os colocariam longe e a ganhar o mesmo...

Como tudo, é uma questão de perspectivas e de escolhas. Eu? Estou mais feliz assim, contratada, com os pés no chão e consciente das dificuldades que posso encontrar. Talvez um dia até consiga um lugar mais estável, mas Deus queira que nunca me torne insensível, que nunca me falte a lucidez, a paixão pela aprendizagem e o prazer de trabalhar naquilo que me faz feliz!