O meu nome é Ina!


Não me chamam professora, nem Educadora, nem Dra... Isso é para os crescidos! Mas há quem ache estranho...

Os "meus" meninos chamam-me Ina!
Porquê? Porque o meu nome é Ina!
Porque gosto! E porque é reciproco, também os chamo pelo nome quando me dirijo a eles. 

É uma forma de estabelecer uma relação mais próxima e de criar laços, ao mesmo tempo que os colocamos numa posição meta-cognitiva (eu sei que tu sabes qual é o meu nome / tu sabes que eu sei qual é o teu nome).

Devia ser imperativo que cada criança se sentisse "única" no jardim-de-infância! Mesmo que muitas vezes sejam 25 numa sala...

Acredito num sistema de pares, em que cada um desempenha a sua função e todos são igualmente importantes. Este valor só pode ser transmitido através do exemplo. Isto é, se as nossas crianças nos virem tratar todas as pessoas da mesma forma, com respeito, sejam eles professores, auxiliares, pais, crianças, cozinheiros ou presidentes, compreenderão que não são mais, nem menos, que qualquer outra pessoa, independentemente do cargo que possam ocupar.

Podemos tratar todas as pessoas, respeitosamente, pelo nome próprio, de igual para igual como pessoa, ao mesmo tempo que sabemos a posição que cada um ocupa, respeitando as hierarquias.

Não são os títulos que nos definem! Não é por me chamarem "Professora" antes do meu nome, que as crianças são mais ou menos Educadas. 

Gostaria que, nas escolas, todos tivessem o cuidado de saber os nomes uns dos outros. 
Afinal, nos nossos circulos familiares e de amigos também os sabemos.

E como me enervam os apelidos!!! 

Não os apelidos de nome, mas aqueles a quem chamam "dorminhoca", "minorca" e sabe-se lá o que mais (por momentos lembrei-me dos 7 anões da branca de neve)... São depreciativos e os adultos jamais os deviam usar pois rotulam as crianças, fazendo crer ao restante grupo que também os poderão usar. Não é assim que começa o bullying??

O que é triste, é que muitas vezes as pessoas que exigem que os mais pequenos as tratem pela categoria profissional (que muitas vezes até nem é professora, mas sim educadora), são as mesmas que os rotulam. 

Pode ser inconsciente, mas depreendo então que as palavras têm "peso" nesta relação, enaltecendo o adulto e diminuindo a criança. E neste caso, não, isto não é ser educado.

E caras colegas de profissão, desculpem, este "recado" não é para todas, é apenas para aqueles que se acham no direito de interferir e de julgar a relação que temos com as crianças das nossas salas, quando não conhecem as especificidades dos contextos.

Cada Educador é único e traz consigo um currículo oculto, com experiencias educativas, pessoais e profissionais únicas, assim como cada contexto também é único! Não é melhor, nem pior... É diferente!

Se num grupo, determinada dinâmica funciona para todos e estão todos felizes, então respeite-se a diferença!





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