O elemento fundamental na Educação são as famílias, não são as escolas! Existe mesmo liberdade na educação dos nossos filhos?


Nasci depois da revolução de Abril de 1974 e por isso este dia diz-me tanto quanto o 05 de Outubro ou 01 de Dezembro... Porque não estava lá! Conheço a História mas não a vivi, o que não é a mesma coisa. 

Toda a gente fala da liberdade ou falta dela mas eu sempre me senti livre, nos meus pensamentos, acções, reacções (e possíveis consequências). 

Apesar do confinamento (e eu estou em casa desde o dia 13 de Março, não saindo sequer para ir às compras), continuo a sentir-me livre. Sobretudo, livre de fazer escolhas. 

E percebo, que a minha liberdade termina quando preciso de respeitar a liberdade dos outros e que não invadir o espaço do outro é fundamental. 

No entanto, é o que sinto que a "Escola" está a fazer, ou alguns em nome da "Escola". 

As famílias são o elemento fundamental na Educação das crianças e merecem respeito e confiança nas suas competências. 

Não somos todos iguais e por isso é que uma Educação tamanho único não serve. Cada família deveria ter o direito a decidir o que melhor se adequa às suas vidas e ao seu quotidiano. 

O Estado fez bem o seu papel, proporcionou acesso a conteúdos na televisão, na internet, não esquecendo manuais e apoio dos professores à distância. 

(Neste apoio, não devia ser esquecido também o direito à privacidade da vida dos professores.) 

A oferta é diversificada e abrangente. Respeite-se, no entanto quem se considera capaz de acompanhar os seus filhos nas aprendizagens, sem recorrer a todos estes veículos de comunicação. 

Respeitem-se as casas das crianças e suas famílias, que não são nem devem ser transformadas em escolas, com horários rígidos para a realização de tarefas, ignorando os compromissos e rotinas familiares. 

Os espaços privados devem manter-se privados, sem sessões síncronas ou videochamadas. Uma educação à distância não tem que ser controlada por vídeo, sobretudo com os mais pequenos. 

Nem todos terão os mesmos recursos mas é aí que encontramos a capacidade de resiliência de cada um, de cada família. 

O papel do Educador/Professor passou a orientador/consultor, podendo fazer sugestões de actividades, mas a sua realização e os timmings deveriam ficar ao critério das famílias. Se assim não for, questiono-me se seremos mesmo livres de educar os nossos filhos como desejamos! 

Muitos fazem esforços para que nada falte aos seus filhos enquanto outros esperam que façam por si. Não sejamos hipócritas, todos conhecemos estas realidades.

Sempre existiram pessoas com mais e com menos recursos, mas aqueles que fazem das tripas coração para que nada falte aos seus, são os que muitas vezes ficam a perder por não lhes "cair" um computador no colo. 

Não é por falta de recursos que a maior parte dos alunos não chega "mais longe", é por falta de vontade, por falta de esforço, de objetivos e por falta de capacidade de resiliência. 

Ao invés de investir tudo nas "ferramentas", apostemos na formação das famílias, proporcionemos mais tempo juntos, aumentando licenças de maternidade/paternidade ou reduzindo horários de trabalho ao permitir jornadas contínuas. 

Que a "Escola" se afirme como um apoio sólido à comunidade e não apenas aos "alunos" ou que funcione como um depósito (como antes desta pandemia). 

Boa semana! 

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