Será que a ideia de "viajar é melhor que oferecer brinquedos aos nossos filhos" nos serve a todos?


Cada coisa no seu lugar, ok?
Salvaguardo desde já que não tenho nada contra as viagens com os pequenos. É mesmo esta a ideia do "melhor que", que me faz confusão pois cada qual tem a sua importância.

Até parece o meu perfil obsessivo-compulsivo a vir à tona, mas há já muito tempo que queria escrever sobre este assunto. As coisas bem arrumadas e explicadas deixam-me mais tranquila. 

Aliás, no fundo, talvez seja por pensar assim que me comecei a interessar mais pelo método Montessori, mas esta parte não está totalmente clara (ainda) por isso fica para mais tarde.

Esta é apenas a minha humilde opinião, reflexão e interpretação, que não se baseia em estudo nenhum...

Sabendo eu que as famílias são permeáveis às informações que lhes chegam pelos mais diferentes meios (redes sociais, comunicação social, influências familiares, opiniões de amigos),considero importante esclarecer esta "coisa" das viagens com os filhos serem melhor que oferecer brinquedos.

É que eu acho que há muita gente que ainda não percebeu a ideia. 

1. As viagens com os filhos são importantes, na medida em que lhes mostram novos lugares, novas coisas e por isso acrescentam sempre conhecimento, sem esquecer que TUDO o que nos rodeia, TODAS as interações acrescentam algo. Logo, sair de casa, é melhor do que não sair.

2."Viajar", não significa ir ao estrangeiro! Podemos viajar até à cidade vizinha e ser a melhor experiência da nossa vida. Podemos fazer uma caminhada ou até um piquenique ali do outro lado do rio. Tudo depende como as experiencias são vividas.

3.As idades dos nossos filhos devem ser tomadas em consideração! Gostaria que me conseguissem explicar se uma criança de, digamos 1 ano e meio, vai dar mais valor a uma viagem a Paris (e vai recordar-se dela) e às obras expostas no "Louvre", do que a um cavalinho de baloiço... Claro que um jovem de 14 anos vai valorizar mais este tipo de viagem. Só que "viagens" e "brinquedos" são coisas distintas e não devem ser comparadas!

4. O desenvolvimento físico da criança é próximo-distal e cefalo-caudal. O desenvolvimento afetivo faz-se com adultos de referência. Isto é, primeiro conhece-se a si mesmo, depois interage com a mãe e os próximos e muito mais tarde se dará conta que não é o "centro do mundo". Pensando assim, de que serve ir à Polinésia Francesa aos 2 anos??? Para encontrar pessoas diferentes? Para isso basta sair à rua!

5. Viagens são "experiencias" diferentes, ok. Mas podemos tê-las todos os dias, basta querer!

6. Depreendo que a ideia principal de que "viajar é melhor que oferecer brinquedos" seja porque assim os pais poderão passar mais tempo com os filhos. Mas então aqui, a parte importante a reter é o TEMPO que passamos com os filhos e em família.

7. O tempo que passamos com os nossos filhos, as nossas crianças, é realmente insubstituível por qualquer brinquedo. Mas isso pode acontecer em qualquer lugar! Sobretudo em casa!

8. De que adianta viajar em família se depois vão passar o tempo nos telemóveis, tablets ou afins? Disfrutem das pequenas coisas da vida! Das flores do jardim, que abrem e fecham, das conversas, das fases da lua, das idas ao parque, das coisas que viram e falem sobre elas.

9. Quem pode e quem quer, deve levar os filhos a lugares novos, mas por favor não sintam que é uma "obrigaçao", ou que os vossos filhos são inferiores aos outros porque nunca saíram do País! Já pensaram na quantidade de famílias que dão a volta ao mundo e continuam infelizes? E hoje em dia podemos conhecer e saber o que se passa no mundo quase sem sair de casa... Há tantas coisas que eu desejaria não saber e que me entram em casa pela televisão...

10. Actualmente, é "mais barato" viajar do que há 30 anos atrás, aproveitem esta vantagem dos tempos modernos, se puderem, mas  não se deixem levar em modas! Não se endividem para viajar ao estrangeiro. Será preferível o conforto do lar durante um ano inteiro ou uma viagem extravagante durante uma semana? 

Passeiem com os vossos filhos, seja lá para onde for e não substituam a vossa ausência por um brinquedo, mas não se confundam as coisas!

Se a ideia é optar por gastar dinheiro numa viagem ou comprar um brinquedo caríssimo, então já é uma questão de opções familiares, não é porque uma coisa seja melhor que outra... E a vida é cheia de opções!

A qualidade, quantidade e tipo de brinquedos e brincadeiras fica para outro dia! 
Bons passeios!
Bom domingo!



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